sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Meditação/Nadia Malta/AO FINAL, TUDO NÃO SERIA VAIDADE?

AO FINAL, TUDO NÃO SERIA VAIDADE?
                                                                                            

Eis que fizeste os meus dias como a palmos; o tempo da minha vida é como nada diante de ti; na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade”. Salmos 39.5.
Não há limites para o aprendizado, a não ser quando atravessarmos a fronteira da eternidade. Enquanto do lado de cá, estaremos sempre aprendendo. Chegar aos Noventa, reconheço é um privilégio para poucos, mas não tem sido uma tarefa fácil, sobretudo, para alguém autônomo desde a infância, menino criado em colégio interno tendo que cuidar de si e de suas próprias coisas, longe do zelo materno. E muito mais especialmente quando a mente esquece que o corpo já não tem a mesma agilidade e se tornou pesado demais para os comandos que recebe da mente obstinada e que se recusa a desacelerar.

De repente me dou conta que já não tenho mais vinte, trinta, quarenta, cinqüenta, sessenta, setenta, oitenta anos... São noventa anos e meio. Os acidentes domésticos parecem me espreitar ou será que não faço caso deles? As mínimas coisas e pequenas tarefas, sempre feitas com desenvoltura e quase no automático, parecem ameaçadoras. Preciso aprender a desacelerar e prestar mais atenção aos obstáculos que se interpõem no meu caminho a toda hora. Lembrei-me agora das idas e vindas, sempre correndo no exercício da profissão de publicitário, num passado cada vez mais distante, carregando aquela pesada pasta de trabalho. Tudo parecia célere, contudo, mais veloz que a agilidade daqueles dias que já se vão longe é a rapidez inexorável do tempo. Aliado ou algoz? Depende do ponto de vista!

Passei a vida inteira ocupado em cuidar e prover, sempre fui autônomo demais para ser cuidado! Agora na atual fase, estou tardiamente aprendendo a ser cuidado. Confesso que não é uma tarefa fácil. Constranjo-me, em alguns momentos, me entristeço em outros, mas reconheço é aprendizado necessário. Tenho me esforçado para ser um bom aluno, mesmo longevo e assentado no mirante dos noventa anos. Deus tem sido extremamente misericordioso comigo, não por merecimento, é claro. Tenho uma grande consciência que tudo é graça de Deus. Esse seu favor imerecido, que nos faz seus eternos devedores, exclui totalmente a meritocracia.

Fui um homem de evidencia, pelo próprio trabalho abraçado no rádio e em outros meios de comunicação. O que significa que a vaidade sempre foi um capítulo a parte. Gostava dos aplausos, do calor do público confesso! E também confesso que essa vilã não me abandonou de todo ainda hoje. Está sempre à espreita tentando me passar uma rasteira. E nos últimos dias do ano ela me aprontou mais uma. Esta semana caí no jardim, fui apanhar uma manga da minha mangueira predileta. O que a vaidade tem a ver com isso, afinal? Tem muito. Ela está lá a me dizer que eu posso sim, que é uma humilhação depender dos outros para as tarefas mais simples como apanhar uma simples manga do chão ou o jornal de todas as manhãs. Resultado? Mais um acidente doméstico que quase foi fatal, não fosse a mão misericordiosa do nosso Deus! Quão tola é a vaidade, quão tolos somos nós ao dar ouvidos aos apelos dessa vilã cruel!

Deparei-me com o versículo citado acima do salmista Davi: “Eis que fizeste os meus dias como a palmos; o tempo da minha vida é como nada diante de ti; na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade”. Quanta verdade trazida aqui por meio daquele que foi chamado de “Homem segundo o coração de Deus”, não porque não pecasse ou não fizesse nada reprovável, mas pela sua capacidade de se arrepender e fazer o caminho de volta para Deus, abandonado as velhas práticas. Temos muito a aprender com ele e com tantos servos de Deus do passado. Assim, ao final, tudo não seria vaidade? “Por mais firmes que estejamos é pura vaidade sim”. Não podemos perder de vista que se estamos de pé é porque somos sustentados por Aquele ao qual devemos honra, glória, louvor e gratidão eternamente!

Manoel Malta (pelo  olhar de Nadia Malta) em 03.01.18.

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