sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Artigo/Nadia Malta/SER PAI DE VERDADE É CADA VEZ MAIS RARO!

Publicando outra vez: SER PAI DE VERDADE É CADA VEZ MAIS RARO!

                                                                                        



Homenagear os pais no dia de hoje apenas, parece algo encomendado ou mesmo um lugar comum para se cumprir uma agenda do calendário secular e comercial! Sobretudo, em tempos líquidos, quando tudo é tão superficial e fugaz. A figura do pai terreno foi criada também para apresentar o Pai Celestial, no entanto, esta atribuição da paternidade humana tem deixado cada vez mais a desejar! O que é lamentável sob todos os aspectos.

No dia de hoje, não posso deixar de fazer a minha homenagem mais especial ao mais especial dos pais terrenos, aquele que nasceu para ser pai. Este é sem dúvida o seu maior e mais visível talento. Trata-se do meu marido, Manoel Malta, que muitos chamam de “seu Malta” ou “pastor Malta”, e o filho mais novo, Maneco gosta de carinhosamente chamar “seu papai”. Homenageá-lo nunca é demais ou suficiente! Amá-lo e honrá-lo chega a ser uma devoção. Não entristecê-lo um dever!

Que talento para a provisão, para o cuidado, para a assistência! Ser filho dele é tudo de bom! Ele é o pai que se doa mesmo com sacrifício próprio. Na sua escala terrena de valores o cuidado e o zelo com os filhos sempre esteve em primeiríssimo lugar. É fácil descobrir com quem ele está falando ao telefone por causa da pergunta clássica que já virou uma senha: “Tá precisando de alguma coisa?”. Pronto, se ouvirmos essa pergunta já se sabe que é com um dos filhos que está falando. São cinco biológicos: Oscar, Ricardo, Ana Lucia, Maneco e Manoela e a querida Lu nascida do coração dele, tão amada quanto os demais.

Ele fez odontologia, mas exerceu pouco a profissão acadêmica. Clinicava de graça para seus colegas do Rádio. Acabou doando seu consultório a um colega. Homem de comunicação de rádio e Televisão. Foi da publicidade que tirou seu sustento durante a maior parte da vida. Ele é o mais antigo publicitário do Recife como ele mesmo gosta de contar. A sua agência na época tinha grandes e expressivas contas: Banco Industrial de Pernambuco, Lojas verão, Móveis Esplêndidos, Meira Lins. Mas houve um tempo de vacas muito magras, quando suas grandes contas de publicidade lhe foram tiradas pelas mais diferentes razões: Falência de empresas, morte dos empresários, mudanças de donos e por ai vai. Paralelo a essas contas ele tinha também um pequeno frigorífico, um açougue na verdade. Ele costumava fazer uma afirmação muito prudente: “A gente não pode viver de uma só coisa!”. Com a perda das contas de publicidade, passamos a viver daquele pequeno negócio. Saía feliz sem reclamar, sempre muito perfumado e certa vez ganhou de outro açougueiro o título de “Véio cheiroso da bexiga!”. Até hoje acha graça desse episódio!

O dentista, publicitário virou açougueiro e com muita honra! Esse pai herói não se fez de rogado, mesmo tendo um nome tão conhecido dentro dos guetos sociais da época deixou a vaidade de lado, porque tinha também filhos menores para sustentar. Filhos que recebera no outono da vida como presente de Deus. Ele se levantava às 2 horas da madrugada, pra receber a carne e também colocar a mão literalmente “na massa”, porque a essa altura já não havia mais condição de ter um empregado. E ele mesmo preparava tudo para que assim que o dia amanhecesse ele pudesse abrir as portas para atender sua freguesia. Nada deixou faltar a sua família. Hoje quando a adolescência masculina tem se tornado cada vez mais tardia é encorajador olharmos para a varonilidade desse homem, desse pai que tem cumprido com maestria seu papel de pai de verdade! A você meu querido a nossa mais sincera homenagem hoje e sempre! Amamos você e lhe somos gratos por tudo! Nadia Malta

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