quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Meditação/Nadia Malta/JABOQUE: UMA TRAVESSIA PARA A PLENITUDE!


JABOQUE: UMA TRAVESSIA PARA A PLENITUDE!
                                                                 
   Tomou-os e fê-los passar o ribeiro; fez passar tudo o que lhe pertencia,  ficando ele só; e lutava com ele um homem, até ao romper do dia. Vendo este que não podia com ele, tocou-lhe na articulação da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó, na luta com o homem. Disse este: Deixa-me ir, pois já rompeu o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei ir se me não abençoares. Perguntou-lhe, pois: Como te chamas? Ele respondeu: Jacó. Então, disse: Já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. Tornou Jacó: Dize, rogo-te, como te chamas? Respondeu ele: Por que perguntas pelo meu nome? E o abençoou ali. Àquele lugar chamou Jacó Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva. Nasceu-lhe o sol, quando ele atravessava Peniel; e manquejava de uma coxa. Por isso, os filhos de Israel não comem, até hoje, o nervo do quadril, na articulação da coxa, porque o homem tocou a articulação da coxa de Jacó no nervo do quadril”. Gn. 32.23-32. 

O texto lido registra o momento na vida de Jacó filho de Isaac e neto de Abraão, quando ele voltava à terra dos seus pais, para se reconciliar com o seu irmão Esaú, depois de haver, anos atrás ter-lhe usurpado o direito de primogenitura. Nesse retorno ele faz a travessia mais decisiva de sua vida. Ele transpõe o Vau de Jaboque, e ali ele enfrenta uma intensa luta noturna com o Senhor. A idéia central aqui é mostrar a necessidade de estarmos face a face com Deus e diante de nós mesmos, sem máscaras. Nem sempre as lutas enfrentadas por nós são ações malignas, muitas vezes o próprio Deus vem nos confrontar para que descubramos quem somos na verdade. A vida do servo de Deus é uma vida de travessias. Hoje gostaria de falar outra vez sobre a travessia de Jaboque. Aliás, a palavra Jaboque = lugar de travessia; lugar de luta; de esvaziar e transbordar. Jaboque é o lugar do verdadeiro avivamento (esvaziamento do eu e transbordamento do Espírito Santo). É possível ser salvo, totalmente envolvido na obra de Deus, e ainda assim não ser governado plenamente pelo Senhor. É possível expulsar demônios, curar enfermos, realizar milagres, discernir espíritos, produzir grandes obras em nome de Jesus e ainda assim, ser também um obreiro da iniqüidade, um refém das próprias inclinações. Parecem fortes essas palavras, mas retratam uma realidade. Que o Espírito de Deus nos dê sabedoria para discerni-las e acolhê-las! Essas pessoas amam sinceramente o Senhor, “mas há aquela coisa em suas vidas”, da qual não conseguem se desvencilhar. Mais cedo ou mais tarde todos nós precisamos atravessar Jaboque.

O Mar Vermelho foi atravessado por uma multidão de uma só vez. O rio Jordão pode ser atravessado com um vitorioso exército do Senhor ao redor, mas Jaboque se atravessa só. Ali não têm conselheiros, não tem amigos, facilitadores ou ajudadores. A luta naquele lugar é pessoal, solitária. Em Jaboque é só você e Deus! Lá é o lugar onde Deus trata conosco, não apenas em relação ao pecado, mas em relação ao nosso próprio caráter. Saímos da religiosidade árida e entramos numa espiritualidade relacional íntima com Deus. Saímos da carnalidade para uma vida crucificada e dependente de Deus! Enfrentamos muitas lutas noturnas como Jacó, especialmente na busca por respostas para perguntas do tipo: “Quem sou eu na realidade?”, “Por que tendo a repetir velhos padrões familiares?”, “Por que não consigo me libertar desta inclinação maligna?”, “O que Deus deseja de mim?” E tantas e tantas outras. Gostaria de falar hoje para os muitos “combatentes noturnos” que se debatem para descobrir quem são. Falo para aqueles que não se satisfazem com respostas superficiais ou ensaiadas, mas para os que se dispõem a mergulhar em Deus e lutar com ele para obter as suas respostas. Esses são os verdadeiros buscadores de Deus. Jacó era alguém que buscava respostas, assim como você e eu. Muitos de nós temos lutado noite à dentro com anjos de Deus, tentando extrair uma bênção daquilo que parece prestes a nos destruir. Com Jacó foi assim, ele lutou e prevaleceu e prevalecer aqui não é derrotar Deus, mas permanecer firme nele até que ele nos transforme completamente. Alem da bênção, ele saiu da luta com uma nova identidade. Deus deseja isso para nós também.

Aquela luta noturna de Jacó oportunizou dois encontros decisivos. Primeiro Encontro: Jacó encontrou-se com o Senhor! A solidão tem sido chamada de “sala de audiência de Deus”. Deus vem ao nosso encontro, no lugar onde estamos e nos leva ao lugar onde deseja que estejamos. Jacó passou a maior parte da vida lutando com as pessoas. Deus se manifestou a ele como um lutador implacável. Como será que ele se manifestará a você? Nesse encontro com Deus, a religião dá lugar à espiritualidade. Vinte anos antes em Betel, Jacó teve uma experiência religiosa e o Senhor prometeu abençoá-lo. Do ponto de vista material, a promessa foi cumprida. No entanto, as bênçãos de Deus são infinitamente maiores do que rebanhos e servos. Deus quer imprimir em seus filhos o seu próprio caráter. Jacó descobriu naquela “noite escura da alma” que havia passado toda a sua vida lutando contra Deus e resistindo à sua vontade. Ele precisava entender que o único caminho da vitória é a entrega total. Os discípulos de Jesus experimentaram isso também. Jaboque é o lugar da rendição, da submissão completa.  Deus é implacável quando decide nos consertar. O Vau de Jaboque é o grande divisor de águas na vida do cristão. Todos nós mais cedo ou mais tarde o atravessamos. Ali como Jacó, ficamos a sós com Deus. Jacó ali fez passar tudo quanto possuía, porque enxergou que era preciso mais que bens materiais, ele queria o próprio Deus e agarrou-se a ele. Segundo Encontro: Jacó encontrou-se consigo mesmo! Deus precisa saber se reconhecemos aquilo que somos. Por isso o Senhor perguntou a Jacó: “Como te chamas?”. Da ultima vez que ele ouviu essa pergunta, ele mentiu. Fez isso para se apoderar da bênção da primogenitura. Jacó=usurpador, mentiroso, enganador. Na verdade, a pergunta de Deus a ele, queria dizer: “Você vai continuar usando máscara, ou vai admitir quem é, e permitir que eu o transforme?”. A mesma pergunta Deus nos faz hoje: “Como te chamas?”. Será que como Jacó, vamos admitir quem somos para que Deus nos transforme? Ele disse: eu sou Jacó (usurpador, enganador, mentiroso). Será que neste momento, neste lugar de travessia você pode admitir: “Eu sou o arrogante e vaidoso”, “Eu sou o crítico incorrigível!”, “Eu sou o fracassado”, “Eu sou o preguiçoso e aproveitador”, “Eu sou o mentiroso”, “Eu sou o pornográfico”, “Eu sou o adúltero”, “Eu sou o dependente químico que não reconhece que precisa de ajuda!”,  “Eu sou o grosseiro e violento com a minha família”, “Eu sou o ciumento, o possessivo”, “Eu sou o pretensioso”, “Eu sou uma eterna vitima”, “Eu sou o melindroso”, “Eu sou o rejeitado”. Deixe que o Espírito de Deus ministre ao seu coração, quem você é realmente. Deus quer trocar essa sua identidade hoje como fez com Jacó, mas para isto ele precisa ouvir se você sabe quem é. Se não confessarmos a nossa real identidade, não há nada que Deus possa fazer por nós.  Na Bíblia receber um novo nome significa CHANCE PARA RECOMEÇAR. O novo nome dado a Jacó foi Israel. Embora os estudiosos não cheguem a um consenso, muitos afirmam que o significado mais apropriado para Israel é: “Permita que Deus o governe”. Outro significado muito citado é: “Príncipe de Deus”. Sendo um ou outro, de qualquer modo, o príncipe está debaixo da autoridade do soberano, é governado por ele. Jacó lutou com Deus e prevaleceu, através de um novo caráter. Deus quer nos transformar em novas pessoas, com corações puros e mãos limpas. Ele quer zerar a nossa história. Só uma vida verdadeiramente crucificada com Cristo e ressuscitada com Ele pode nos tirar da carnalidade para a plenitude espíritual.  Jacó não saiu ileso daquela experiência dramática. Ele saiu ferido na juntura da coxa. Aquele ferimento o fez manquejar pelo resto da vida. Essa experiência tem sido chamada pelos teólogos de “aleijamento compensador”, aquela era uma cicatriz memorial da sua mudança de caráter. O nome Israel também está destinado a nós, se nos deixarmos governar por Deus nos nossos Vaus de Jaboque.  Jaboque é o lugar onde descobrimos quem somos. É o lugar da nossa transformação e da nossa nova identidade. Ali passamos a ser governados por Deus. É o lugar da maturidade. É o lugar do verdadeiro avivamento. Ali vemos Deus face a face. Depois de Jaboque nunca mais seremos os mesmos. Nadia Malta. http://ocolodopai.blogspot.com.br/


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