sábado, 12 de março de 2011

Artigo/Pra. Nadia Malta/PASSEMOS PARA OUTRA MARGEM!

PASSEMOS PARA A OUTRA MARGEM!
Nesses dias o mundo foi impactado com as imagens daquele que está sendo considerado o maior tsunami de todos os tempos no Japão. As imagens são aterradoras, só de olhar nos falta o fôlego. É inevitável não nos colocarmos no lugar daquelas pessoas e nos perguntamos como fica a fé diante das tempestades e catástrofes da vida que atingem indiscriminadamente crentes e incrédulos?

No capítulo quatro do Evangelho de Marcos Jesus convoca seus discípulos para passarem para outra margem do lago de Genezaré. Essa convocação mesmo tendo sido literal, trazia consigo um sentido parabólico para aqueles discípulos. Este outro sentido só pode ser compreendido pelos ouvidos treinados de suas ovelhas. Jesus estava falando de uma travessia para um nível de espiritualidade que requeria fé, graça e resistência. Se isso foi válido para os dias de Jesus andando com seus discípulos visivelmente aqui na terra, o que dizer nos dias de hoje?

Tenho a impressão de ainda ouvir hoje o Senhor Jesus fazendo a mesma convocação feita aos discípulos dos dias de sua carne sobre a terra: “passemos para a outra margem” e dessa vez não de forma parabólica, mas explicitamente convocando as suas ovelhas para atravessarem o lago da superficialidade, da barganha, do sacrifício barato, do voto de tolo, do mercadejamento da fé, do toma lá da cá espiritual que tem marcado a religiosidade de nossos dias. O Senhor nos convoca a todos que nele cremos a passarmos para aquela margem cujo solo é a Rocha inabalável (Ele próprio), capaz de suportar todo tipo de tempestade, em um nível de espiritualidade praticamente desconhecida por aqueles que lotam as igrejas-mercados de nossos dias.

O que realmente o homem precisa não é encher os bolsos de dinheiro ou fazer parte da lista dos dez mais. O que na verdade ele precisa é preencher o vazio em seu coração. Ele precisa resolver o problema que afeta a sua interioridade: a falta daquela paz que excede todo o entendimento e aquela alegria completa e indizível que só é possível na presença do Senhor.

Aquela era na verdade uma convocação para que seus discípulos participassem de uma “parábola viva”, onde eles próprios seriam os protagonistas. Eles viveriam naquele barco (figura representativa da igreja) o que experimentariam em suas vidas. Uma das coisas mais encantadoras da didática de Jesus é o fato dele não perder nenhuma oportunidade de ensinar preciosas lições aos seus discípulos. O Senhor os convoca para um nível de espiritualidade que vai além da superficialidade e requer além de fé, graça e resistência para enfrentar o que pode surgir em nosso caminho.

Estamos vivendo um tempo que é imperioso termos a compreensão dessa santa convocação do Senhor que ecoa em nossos dias, do contrário abandonaremos a fé que um dia abraçamos. Como cristãos somos chamados a enxergar a vida com os olhos de quem realmente foi transformado pelo poder de Deus. Isso nos faz andar no Caminho, na Luz, na Verdade, livres de pesos, culpas e penalidades, mas não nos isenta de passar por tempestades.

A proximidade e intimidade com o Senhor não torna a nossa vida mais fácil do ponto de vista circunstancial. No entanto, nos torna mais maduros, mais capazes de amar com a lucidez, de encontrar o equilíbrio que nos ajuda a escolher as coisas mais excelentes, nos tornando também mais capazes de enfrentar com dignidade toda e qualquer situação.

O Pr. Ed René Kivitz diz que “os neo-evangélicos estão ocupados demais em construir uma experiência religiosa que os satisfaça no imediato, e não se ocupam com as aproximações da verdade, uma vez que vivem o pragmatismo de quem se ocupa antes de fazer Deus funcionar do que ser íntimo dele”. Essa é sem dúvida uma radiografia fiel daquilo que vemos na maioria dos freqüentadores de igrejas dos nossos dias.
O aparente sono de Jesus em nosso barco não significa inação, descaso ou apatia. Esse sono faz parte de sua didática. O que ele deseja é que confiemos em sua suficiente graça, numa atitude de fé e resistência. Descobrimos aqui que nada do que venha a nos acontecer está fora de sua área de controle e cuidado amoroso.

Ele não nos promete livrar de passar por vales sombrios, de entrar em fornalhas ardentes, de atravessar desertos abrasadores, de enfrentar gigantes, mas garante a sua presença em todo o tempo. Por isso aqueles discípulos foram tão severamente repreendidos por ele por causa de sua falta de fé e timidez diante da tempestade. Cada dia mais me convenço que Deus tem um caminho na tormenta como diz o profeta Naum e o usará sempre que for necessário nos mostrar que ele tem o controle soberano de todas as coisas. A mais importante lição das tormentas é que não devo basear meu relacionamento com o Senhor naquilo que ele pode fazer por mim nessas horas, mas no que posso fazer nessas horas, tendo ele comigo e usando a autoridade que ele me concedeu. Isso faz toda a diferença. O Senhor requereu ousadia e fé daqueles discípulos medrosos e “reclamões”.

Outra lição é que muitas vezes a tempestade está instalada em nosso coração, não na circunstancia em si, isso, porque esquecemos quem é Aquele que até o vento e o mar lhe obedecem. Talvez esse tipo de tempestade seja pior do que as exteriores, porque demonstra falta de fé daqueles que andando com Ele não aprenderam nada. Que o Senhor ilumine os olhos do nosso entendimento para compreendermos o que ele deseja nos ensinar.
Aleluia, amém.

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