JABOQUE:
UMA TRAVESSIA PARA A PLENITUDE!
“Tomou-os
e fê-los passar o ribeiro; fez passar tudo o que lhe pertencia, ficando ele só; e lutava com ele um homem,
até ao romper do dia. Vendo este que não podia com ele, tocou-lhe na
articulação da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó, na luta com o homem.
Disse este: Deixa-me ir, pois já rompeu o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei
ir se me não abençoares. Perguntou-lhe, pois: Como te chamas? Ele respondeu:
Jacó. Então, disse: Já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe
lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. Tornou Jacó: Dize, rogo-te,
como te chamas? Respondeu ele: Por que perguntas pelo meu nome? E o abençoou
ali. Àquele lugar chamou Jacó Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a
minha vida foi salva. Nasceu-lhe o sol, quando ele atravessava Peniel; e
manquejava de uma coxa. Por isso, os filhos de Israel não comem, até hoje, o
nervo do quadril, na articulação da coxa, porque o homem tocou a articulação da
coxa de Jacó no nervo do quadril”. Gn. 32.23-32.
O
texto lido registra o momento na vida de Jacó filho de Isaac e neto de Abraão,
quando ele voltava à terra dos seus pais, para se reconciliar com o seu irmão
Esaú, depois de haver, anos atrás ter-lhe usurpado o direito de primogenitura.
Nesse retorno ele faz a travessia mais decisiva de sua vida. Ele transpõe o Vau
de Jaboque, e ali ele enfrenta uma intensa luta noturna com o Senhor. A idéia
central aqui é mostrar a necessidade de estarmos face a face com Deus e diante
de nós mesmos, sem máscaras. Nem sempre as lutas enfrentadas por nós são ações
malignas, muitas vezes o próprio Deus vem nos confrontar para que descubramos
quem somos na verdade. A vida do servo de Deus é uma vida de travessias. Hoje gostaria
de falar outra vez sobre a travessia de Jaboque. Aliás, a palavra Jaboque =
lugar de travessia; lugar de luta; de esvaziar e transbordar. Jaboque é o lugar
do verdadeiro avivamento (esvaziamento do eu e transbordamento do Espírito
Santo). É possível ser salvo, totalmente envolvido na obra de Deus, e ainda
assim não ser governado plenamente pelo Senhor. É possível expulsar demônios,
curar enfermos, realizar milagres, discernir espíritos, produzir grandes obras
em nome de Jesus e ainda assim, ser também um obreiro da iniqüidade, um refém
das próprias inclinações. Parecem fortes essas palavras, mas retratam uma
realidade. Que o Espírito de Deus nos dê sabedoria para discerni-las e
acolhê-las! Essas pessoas amam sinceramente o Senhor, “mas há aquela coisa em
suas vidas”, da qual não conseguem se desvencilhar. Mais cedo ou mais tarde
todos nós precisamos atravessar Jaboque.
O
Mar Vermelho foi atravessado por uma multidão de uma só vez. O rio Jordão pode
ser atravessado com um vitorioso exército do Senhor ao redor, mas Jaboque se
atravessa só. Ali não têm conselheiros, não tem amigos, facilitadores ou
ajudadores. A luta naquele lugar é pessoal, solitária. Em Jaboque é só você e
Deus! Lá é o lugar onde Deus trata conosco, não apenas em relação ao pecado, mas
em relação ao nosso próprio caráter. Saímos da religiosidade árida e entramos
numa espiritualidade relacional íntima com Deus. Saímos da carnalidade para uma
vida crucificada e dependente de Deus! Enfrentamos muitas lutas noturnas como
Jacó, especialmente na busca por respostas para perguntas do tipo: “Quem sou eu
na realidade?”, “Por que tendo a repetir velhos padrões familiares?”, “Por que
não consigo me libertar desta inclinação maligna?”, “O que Deus deseja de mim?”
E tantas e tantas outras. Gostaria de falar hoje para os muitos “combatentes
noturnos” que se debatem para descobrir quem são. Falo para aqueles que não se
satisfazem com respostas superficiais ou ensaiadas, mas para os que se dispõem
a mergulhar em Deus e lutar com ele para obter as suas respostas. Esses são os
verdadeiros buscadores de Deus. Jacó era alguém que buscava respostas, assim
como você e eu. Muitos de nós temos lutado noite à dentro com anjos de Deus,
tentando extrair uma bênção daquilo que parece prestes a nos destruir. Com Jacó
foi assim, ele lutou e prevaleceu e prevalecer aqui não é derrotar Deus, mas
permanecer firme nele até que ele nos transforme completamente. Alem da bênção,
ele saiu da luta com uma nova identidade. Deus deseja isso para nós também.
Aquela
luta noturna de Jacó oportunizou dois encontros decisivos. Primeiro Encontro:
Jacó encontrou-se com o Senhor! A solidão tem sido chamada de “sala de
audiência de Deus”. Deus vem ao nosso encontro, no lugar onde estamos e nos
leva ao lugar onde deseja que estejamos. Jacó passou a maior parte da vida
lutando com as pessoas. Deus se manifestou a ele como um lutador implacável.
Como será que ele se manifestará a você? Nesse encontro com Deus, a religião dá
lugar à espiritualidade. Vinte anos antes em Betel, Jacó teve uma experiência
religiosa e o Senhor prometeu abençoá-lo. Do ponto de vista material, a
promessa foi cumprida. No entanto, as bênçãos de Deus são infinitamente maiores
do que rebanhos e servos. Deus quer imprimir em seus filhos o seu próprio
caráter. Jacó descobriu naquela “noite escura da alma” que havia passado toda a
sua vida lutando contra Deus e resistindo à sua vontade. Ele precisava entender
que o único caminho da vitória é a entrega total. Os discípulos de Jesus
experimentaram isso também. Jaboque é o lugar da rendição, da submissão
completa. Deus é implacável quando
decide nos consertar. O Vau de Jaboque é o grande divisor de águas na vida do
cristão. Todos nós mais cedo ou mais tarde o atravessamos. Ali como Jacó, ficamos
a sós com Deus. Jacó ali fez passar tudo quanto possuía, porque enxergou que
era preciso mais que bens materiais, ele queria o próprio Deus e agarrou-se a
ele. Segundo Encontro: Jacó encontrou-se consigo mesmo! Deus precisa
saber se reconhecemos aquilo que somos. Por isso o Senhor perguntou a Jacó:
“Como te chamas?”. Da ultima vez que ele ouviu essa pergunta, ele mentiu. Fez
isso para se apoderar da bênção da primogenitura. Jacó=usurpador, mentiroso,
enganador. Na verdade, a pergunta de Deus a ele, queria dizer: “Você vai
continuar usando máscara, ou vai admitir quem é, e permitir que eu o
transforme?”. A mesma pergunta Deus nos faz hoje: “Como te chamas?”. Será que
como Jacó, vamos admitir quem somos para que Deus nos transforme? Ele disse: eu
sou Jacó (usurpador, enganador, mentiroso). Será que neste momento, neste lugar
de travessia você pode admitir: “Eu sou o arrogante e vaidoso”, “Eu sou o
crítico incorrigível!”, “Eu sou o fracassado”, “Eu sou o preguiçoso e
aproveitador”, “Eu sou o mentiroso”, “Eu sou o pornográfico”, “Eu sou o adúltero”,
“Eu sou o dependente químico que não reconhece que precisa de ajuda!”, “Eu sou o grosseiro e violento com a minha
família”, “Eu sou o ciumento, o possessivo”, “Eu sou o pretensioso”, “Eu sou
uma eterna vitima”, “Eu sou o melindroso”, “Eu sou o rejeitado”. Deixe que o
Espírito de Deus ministre ao seu coração, quem você é realmente. Deus quer
trocar essa sua identidade hoje como fez com Jacó, mas para isto ele precisa
ouvir se você sabe quem é. Se não confessarmos a nossa real identidade, não há
nada que Deus possa fazer por nós. Na
Bíblia receber um novo nome significa CHANCE PARA RECOMEÇAR. O novo nome dado a
Jacó foi Israel. Embora os estudiosos não cheguem a um consenso, muitos afirmam
que o significado mais apropriado para Israel é: “Permita que Deus o governe”.
Outro significado muito citado é: “Príncipe de Deus”. Sendo um ou outro, de
qualquer modo, o príncipe está debaixo da autoridade do soberano, é governado
por ele. Jacó lutou com Deus e prevaleceu, através de um novo caráter. Deus
quer nos transformar em novas pessoas, com corações puros e mãos limpas. Ele
quer zerar a nossa história. Só uma vida verdadeiramente crucificada com Cristo
e ressuscitada com Ele pode nos tirar da carnalidade para a plenitude
espíritual. Jacó não saiu ileso daquela
experiência dramática. Ele saiu ferido na juntura da coxa. Aquele ferimento o
fez manquejar pelo resto da vida. Essa experiência tem sido chamada pelos
teólogos de “aleijamento compensador”, aquela era uma cicatriz memorial da sua
mudança de caráter. O nome Israel também está destinado a nós, se nos deixarmos
governar por Deus nos nossos Vaus de Jaboque. Jaboque é o lugar onde descobrimos quem somos.
É o lugar da nossa transformação e da nossa nova identidade. Ali passamos a ser
governados por Deus. É o lugar da maturidade. É o lugar do verdadeiro
avivamento. Ali vemos Deus face a face. Depois de Jaboque nunca mais seremos os
mesmos. Nadia
Malta. http://ocolodopai.blogspot.com.br/
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