FALE
COM O PAI EM SECRETO NÃO EXPONHA SUAS DORES!
“E, quando orardes, não sereis como os
hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças,
para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a
recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta,
orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque
presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a
eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho
peçais. Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado
seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como
no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas,
assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em
tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para
sempre. Amém”]!Mateus 6:5-13.
Será
que sabemos orar em secreto? O texto lido faz parte do Sermão do Monte e nos
mostra Jesus instruindo aos seus ouvintes com princípios que orientam a prática
diária das orações pessoais. Na verdade se lermos o contexto todo,
encontraremos ali instruções quanto às três práticas devocionais secretas: A
caridade (o dar do ponto de vista de Deus), o jejum (tempo separado para a
consagração) e a oração pessoal. Hoje falaremos sobre a prática secreta da
oração pessoal. É sempre bom, revermos algumas posturas em nossas práticas
devocionais, que de certa maneira têm levado muitos em nosso meio, a agirem de
maneira equivocada. Isto se aplica às orações pessoais, por exemplo. Façamos
juntos uma releitura cuidadosa de Mt 6.5-15, sob o olhar do Espírito Santo e
nos disponhamos perante ele a corrigir a nossa prática de orações, sobretudo, e
especialmente, as orações pessoais. Falar deste tipo de oração é oportuno em
tempos difíceis pelos quais temos passado. A Bíblia nos leva a discernir três
lugares específicos de oração, a igreja, como casa de oração; os nossos lares e
o lugar secreto onde vivenciamos a nossa intimidade maior com o nosso Pai
celestial.
Será
que as nossas orações não têm sido tentativas de impressionar os que estão à
nossa volta, sobre o quanto somos “espirituais”? A oração não é uma senha de acesso a uma
engrenagem espiritual, que ao ser acionada cospe uma recompensa, é, sobretudo,
um clamor sincero a um pai amoroso para que se relacione conosco. Através da
oração íntima e relacional tomamos conhecimento da vontade de Deus, apesar de
ela ser complexa e difícil de compreender. Contudo, quanto mais nos
relacionamos intimamente com o Senhor mais esta vontade é comunicada a nós pelo
seu Espírito. A fé nos leva a orar, mas não é uma fórmula mágica para liberar
ou acessar aquilo que desejamos da parte de Deus. Ela é a confiança inabalável
no Deus Todo Poderoso, quer ele faça o que queremos, quer nos deixe atravessar
os estreitos com um fim proveitoso. A galeria dos heróis da fé em Hb. 11 nos
mostra isso. Ali, uns foram livrados outros não, mas ambos os grupos clamaram e
confiaram em Deus levando a sua fé às ultimas conseqüências. A oração da fé da
qual estamos falando aqui hoje é aquela pessoal, particular que não deve ser
testemunhada por ninguém a não ser pelo Pai celestial que vê em secreto. O que
podemos aprender com o modelo de oração que Jesus nos ensinou? Nossa oração
pessoal deve ser feita em particular; Nossa oração pessoal deve ter como marca
a absoluta sinceridade de coração diante do Senhor; Nossa oração deve ser feita
de acordo com a vontade de Deus; Nossa oração deve ser movida por um espírito
perdoador.
Jesus
não impede ou condena a oração pública ou congregacional, ela tem o seu lugar,
do contrário não haveria tantos relatos de cultos de oração nas Escrituras.
Jesus, no entanto, condena a oração exibicionista, ostensiva, auto-promocional
usada pelos fariseus, com o fim de chamarem a atenção para a sua pseudo
espiritualidade. A oração farisaica é aquela que não tem respaldo de uma vida
particular e secreta de oração. Esse tipo, não passa de hipocrisia. Que tipo de
oração é esta que Jesus fez questão de ensinar o modelo aos seus discípulos?
Esta oração é pessoal, é aquele encontro secreto na Sala do Trono onde
derramamos nosso coração na presença do Pai, sem a menor preocupação com
reservas. O fato de repetir um pedido, não o torna uma vã repetição. “Vã
repetição” é quando as palavras não refletem um desejo sincero de buscar a
verdadeira vontade de Deus. Os gentios pagãos usavam em suas cerimônias
religiosas, a prática de orações memorizadas. O Senhor queria banir da sua
igreja essa prática pagã. Por isso devemos sempre rever as nossas orações para
que não se tornem vãs repetições, como mantras vazios de verdadeiros
sentimentos. Não podemos nos esquecer de que o Senhor sonda mentes e corações,
nada fica fora do seu olhar perscrutador. Por isso devemos ser extremamente
sinceros com o Senhor nesses encontros secretos. A sala do trono é o lugar para
se tirar todas as máscaras. As nossas orações particulares precisam santificar
o nome do Senhor. De que maneira? Louvando ao Senhor (pelos seus feitos,
adorando ao Senhor (pelos seus atributos eternos e imutáveis) e rendendo graças
sempre (por tudo que ele nos tem concedido apesar de nós). Precisamos, mesmo a
despeito de nossas necessidades mais profundas, priorizar o Reino de Deus e a
sua vontade; essa é também uma maneira de batalharmos espiritualmente, nos
livrando do nosso egoísmo. Só aí, com humildade, devemos apresentar a ele
aquilo que realmente representa as nossas verdadeiras necessidades diárias.
Pedir fortalecimento para resistirmos às tentações e inclinações de nossa carne
(pressões externas internas). Pedir livramento das astutas ciladas do maligno,
de toda forma de mal, até do mal que parece bem. Declarar sempre a primazia e
soberania de Deus. Jesus não está ensinando aqui, que só merece o perdão de
Deus quem perdoa os outros, pois isso seria contrário à sua graça e
misericórdia. Contudo, se experimentamos verdadeiramente o perdão de Deus,
somos constrangidos a perdoar os outros, ou seja, perdoamos porque fomos
perdoados por Deus mesmo sem merecermos. Nadia Malta
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