ABRA SEUS OLHOS!
Quem de nós já não
ouviu a solene advertência da parte de mães e avós: “Abra seus olhos!”. O equivalente a “Cuidado na vida!” ou mesmo, “Preste
a atenção ao que está fazendo!”. Ouvi
isto tantas vezes. Contudo, como é difícil abrir os olhos para as advertências que
nos fazem os mais velhos! Sobretudo, quando quem nos aconselha é a própria
juventude inquieta e irresponsável! Como é difícil abdicar do que nos faz
momentaneamente felizes, sem mensurar o que nos reserva o futuro. Abramos os
olhos!
Talvez um dos
mecanismos de defesa mais usados por nós seja a farsa de não percebermos o que
estamos vivendo ou até mesmo o que estamos prestes a escolher viver! Por outro
lado, a própria realidade da qual fazemos parte muita vezes nos aterroriza. Então
tendemos a simplesmente fechar os olhos, fingir que não enxergamos. Fingir que
está tudo bem! Abri-los dói tanto! Minha mãe costumava dizer do alto da sua
sabedoria que só os anos ensinam: “É melhor com pena sentir do que sem remédio
chorar!”. Quantas vezes choramos de forma irremediável! Abramos os olhos!
Paremos para refletir sobre
a dor de ter os nossos olhos abertos. Sim dói é verdade! Contudo, a dor de
tê-los abertos, vale a pena sentir! Dói, dói e passa. É como um parto
existencial. Somos impactados pela realidade que causa perplexidade, mas logo
nos recompomos e seguimos. Quanto à opção de viver na escuridão esta sim atordoa
irremediavelmente. Nesses anos todos de muitas horas de escutas tenho podido
testemunhar dolorosamente a vida dos que preferiram permanecer com seus olhos
fechados a optar por um desvendar doloroso, embora, revelador. A cegueira na
maioria dos casos é auto imposta. Fingimos não enxergar para não sofrer! O
sofrimento é maior. Não enxergamos tantas coisas! Por outro lado também tive o
privilégio de testemunhar aqueles que ousaram enxergar. Que grata satisfação!
Valeu a pena! Enfrentaram a dor e se reinventaram! Enxergaram em volta e se enxergaram.
O que é melhor! E fez-se a luz! E tudo se fez novo! Abramos os olhos!
Abrir os olhos implica
em atitudes. Quando enxergamos não dá para permanecer do mesmo jeito. Luz
requer mudanças profundas, radicais! E se enxergarmos o que até então estava
mergulhado na escuridão? O que faremos com o que descobrirmos? Abramos os
olhos!
Abramos as janelas, deixemos que entre a luz! Que o sol aqueça! Que o cenário
mude! Permitamos que os nossos porões sejam iluminados. Abramos as gavetas da
alma. Zeremos ciclos. Sacudamos velhos tapetes. Liberemos perdões, mágoas
apodrecem a alma e adoecem o corpo. Livremo-nos das bagagens, dos fardos que
nos têm embaraçado os passos e impedido que andemos com desenvoltura. Sigamos com
leveza. Desocupemos armários. Doemos o que não nos serve mais. É sempre tempo
de enxergar e recomeçar! Abramos os olhos! Nadia Malta
www.ocolodopai.blogspot.com.br
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