SENSIBILIDADE, OS OLHOS E
OUVIDOS DO CORAÇÃO!
Ouvir e ver com o coração
tem se tornado cada vez mais raro. As pessoas têm estado tão ocupadas com as
suas múltiplas ocupações, tão ensimesmadas nos seus interesses pessoais, que
olham e não veem. Ouvem mas não escutam. Tornaram-se míopes e surdas
emocionalmente! Os processos transformadores são complexos, demandam paciência
e compaixão por parte dos que estão ao nosso lado. Quem sabe se não é isto que está acontecendo
agora com alguém bem próximo? Essa pessoa tem se mostrado estranha, inquieta,
se contorcendo. É difícil se tornar borboleta e mais difícil ainda é
experimentar a paciência e compreensão dos que estão ao nosso lado em meio aos
nossos processos de metamorfose. Que dificuldade para se perceber o que está
bem abaixo do nariz!
Tenho ouvido muitas pessoas
solitárias na multidão. “Desfilhadas”, mesmo tendo muitos filhos. E aqui
abrimos um pequeno parêntese para falar de algo que tem virado uma pandemia: o
descaso dos filhos com pais velhos. Gente, envelhecer não é fácil! Quando mais
se precisa dos filhos, eles não estão presentes. A Palavra de Deus diz em um
dos mandamentos com promessa: “Honra a teu
pai e a tua mãe para que sejas de longa vida sobre a terra e tudo te vá bem!”.
Mandamento mais que negligenciado! Tudo tem sido prioridade na vida dos filhos
negligentes, menos os velhos pais que tanto se doaram para eles. Há pais que já
perderam a lucidez, depois de tantas ausências, também se ausentaram tiveram as
suas almas roubadas por enfermidades como o mal de Alzheimer. Outros são mortos vivos com suas lágrimas
choradas pra dentro, mesmo estampando um sorriso que disfarça a dor de suas
almas solitárias. Estão todos eles indo nesta estrada que só tem um sentido! E
todos indistintamente a percorrerão, mais cedo ou mais tarde! Cadê os que foram
embalados e cuidados por esses pais? Cegaram e ensurdeceram!
Outra área que tem avançado
em solidão é a dos relacionamentos conjugais. Cônjuges que não conversam, não
participam dos interesses do outro
entrincheirados em seus casulos de proteção e conforto. Não dá para
viver a dois sem participar ou partilhar. O relacionamento conjugal foi feito
para fazer crescer e amadurecer. Aqui se aprende a perdoar, a dividir, a usar
de misericórdia, a abdicar! Contudo, para muitos, tudo parece uma grande
brincadeira. Casamento é uma construção e não uma simples celebração para se
dar satisfação à família e à sociedade. A cerimônia é um divisor de águas, um
ponto de partida para uma nova “etapa do jogo”. Contudo, muitos têm cegado e
ensurdecido no meio do caminho voltando para as suas cavernas de egoísmo. De
repente, tudo desmorona! E a exclamação é sempre: “aconteceu tão rápido,
parecia que estava tudo bem!”. Não, não
estava tudo bem! Os sinais estavam todos debaixo dos olhos e dos ouvidos, mas
os cônjuges cegaram e ensurdeceram!
Pais em relação a filhos. Hoje
esses últimos são forçosamente terceirizados. Pais e mães ocupados demais para
assumir, para dar atenção, para olhar e ver. Para ouvir e escutar, sobretudo, o
que não é visto e ouvido pelos olhos e ouvidos da carne. Tem faltado
sensibilidade! As horas de folga dos pais precisam ser otimizadas em relação
aos filhos, especialmente quando são pequenos. Filhos precisam de pais
presentes ativos e participativos.
E entre amigos, então?
Apesar de que aqui as coisas são um pouco melhores, pois esses ainda levam
vantagem sobre as situações anteriores. São os donos da diversão, da
camaradagem, das horas de risadas. Os verdadeiros se revelem nas horas das
dores, das dificuldades. Só nessas horas que se conhecem os verdadeiros. Os que
chegam junto, os que estendem as mãos. Contudo, vemos aqui também a ação dos
ingratos, daqueles que à semelhança do Mar Morto só recebem sem dar nada em
troca. A ingratidão é o não reconhecimento da dádiva recebida. Os que não
agradecem acham que todos têm obrigação com eles e nunca estão satisfeitos. Meu
pai diria: “um amigo bom ajuda o outro, tem gente que quer ser o outro a vida
toda!”. Também cegaram, ensurdeceram! Os corações têm estado endurecidos! Tempo de restaurar a visão e a audição do coração! Que aprendamos a manifestar
gratidão e presenças cuidadosas! Nadia Malta.
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