SOLIDÃO X PRESENÇAS AUSENTES!
Tenho convivido com muitas pessoas solitárias na acepção da palavra. Por opção.
Por não terem casado. Por terem perdido entes queridos. Por causa da estranheza
dos temperamentos. Por não se adaptarem ao nível de exigência das companhias. Por
serem territorialistas. As razões são inúmeras. Ficaríamos horas listando.
Essas pessoas acabam se acostumando com a sua condição, de um jeito ou de
outro. Terminam se adaptando e aprendem a driblar a falta de pessoas. Como
diria a minha avó materna: “Quem não tem
tu, tu é tu mesmo!”. Aliás, esse é um fenômeno cada vez mais comum, o viver
solitário. Especialmente nas grandes cidades onde o medo de gente impera. Desconfia-se
de tudo e de todos! Assim, essas pessoas forçosa ou voluntariamente solitárias
acabam gostando das suas próprias companhias. Aprendem a se bastar! A solidão
já não assusta!
Há, no entanto, outro tipo de pessoas que são solitárias na multidão. Em
família. O que acho ainda mais triste que o primeiro grupo. Conheço muitas
assim! Essas são vitimas das presenças ausentes. Esse tipo de solidão não foi desejado
ou planejado. Essas pessoas murcham. Implodem! Elas até se esforçam para
interagir, mas são vítimas de almas que não se comunicam. Todos estão ocupados
demais para dar como diria o comediante Zé Bonitinho: “Um tostão da sua voz!”. E o peso dos anos parece que agrava a
situação. É quando mais se precisa de “presenças presentes” que elas e
ausentam. São maridos que não conversam, não fazem companhia. São filhos cheios
de ocupações, viciados em trabalho, para dar sequer um telefonema e perguntar
se está tudo bem. A solidão não me assusta, gosto do silêncio e da minha
companhia. Mas as presenças ausentes, sim, elas me assustam. Tenho sido
testemunha de tantas histórias!
Vivemos em um tempo de velocidade, de correrias, de muitos afazeres. As
pessoas vivem às voltas com a tecnologia de pequenos aparelhos e aplicativos que
as conectam com pessoas do outro lado do mundo, mas elas desaprenderam a
conversar com quem está do lado. Viraram apertadores de botões. Sofrem de um
tipo de Alzheimer tecnológico que as levam para longe! Há uma deflação de tempo
para ser investido em gente tão grande que chega a ser assustador. Ninguém visita.
Ninguém abraça. Ninguém pára para ouvir. Ninguém olha no olho do outro. Ninguém
lê nas entrelinhas.
Como sou viciada na esperança. Creio que ainda há tempo de mudar essa
triste realidade. Assim, maridos e
mulheres invistam tempo um no outro. Pais fabriquem tempo para os filhos. Filhos
prestem atenção em pais, avós e tios velhos. Conversem. Visitem. Escutem seus
temores. Tenham paciência com as velhas e repetidas histórias. Riam das velhas
piadas. Eles estão indo. Plantem sementes de uma saudade boa, para que não
sejam emboscados irremediavelmente pelo remorso. Carinho e atenção nunca são
demais e a vida é cíclica. As sementes plantadas hoje germinarão amanhã. E
dependendo dessa semeadura de hoje os frutos poderão ser doces ou insuportavelmente
amargos! Pensemos sobre isto! Nadia Malta. http://ocolodopai.blogspot.com.br/
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