sábado, 12 de março de 2011

Artigo/Pra. Nadia Malta/PROFETAS OU LOBOS?

PROFETAS OU LOBOS?

Uma coisa tem me chamado atenção: é a facilidade com que muitos de nós têm se deixado enganar por aqueles que se auto-intitulam espirituais e porta-vozes de Deus. Se ficarmos atentos, veremos que aqui e acolá eles aparecem nas igrejas. Assim, devagar, sorrateiramente, vindos do nada ou de vários lugares, sempre trazendo críticas dos lugares por onde passaram. O apóstolo Paulo alerta seus leitores em Romanos 16 versículo 19b: “e quero que sejais sábios para o bem e símplices para o mal”.  Biblicamente, profeta é o porta voz de Deus para o povo e sacerdote é o porta voz do povo para Deus. Na dispensação da graça de certa maneira todos somos profetas e sacerdotes. Ao mesmo tempo em que recebemos as impressões de Deus em nosso coração e as compartilhamos com os outros, também intercedemos a Deus pelos irmãos. Contudo é necessário cuidado e temor de Deus no exercício desses ministérios.

Há muita falta de discernimento em nosso meio. Basta alguém orar tremendo ou com a voz embargada por “lágrimas de crocodilo”, para logo essa pessoa ser considerada espiritual.  E se enrolar a língua, então, aí o sujeito vai logo para o topo da lista dos super-espirituais. É comum ouvirmos as pessoas dizerem: “fui a uma igreja e lá ouvi uma oração que fiquei todo arrepiado, vou pedir aquela pessoa para orar por mim”. Cuidado com a meninice espiritual que tem levado muitos crentes fiéis, mas sinceramente equivocados a se tornarem petiscos de lobos roubadores! A espiritualidade de alguém não é medida por “arrepios”, ou sensações físicas ou emocionais, mas por frutos dignos de arrependimento.
O que será que Jesus pensa sobre isso? Em primeiro lugar, não podemos esquecer que joio e trigo são extremamente parecidos e em segundo lugar precisamos estar atentos ao critério de julgamento de Jesus não ao nosso.

Por isso que no Evangelho de Mateus capítulo sete encontramos nos versículos de quinze a vinte e três severas exortações do Senhor sobre estes espertalhões que se infiltram no meio da igreja para espoliar os irmãos. Não podemos nos impressionar com aparência piedosa desses falsos profetas. Jesus diz alí:Acautelai-vos dos falsos profetas, que se apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores”:
Atentemos também para as palavras escatológicas de Jesus em Marcos 13 versículo 22: Surgirão falsos Cristos e falsos profetas operando sinais e prodígios, para enganar, se possível os próprios eleitos”.

O apóstolo Paulo também chama a atenção em romanos para isto dizendo: “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam o coração dos incautos”. O Deus a quem servimos sonda mentes e corações e não se impressiona nem com as palavras, nem com aparência exterior de piedade.

Uma das características mais marcantes do falso profeta é a necessidade de reconhecimento de sua própria espiritualidade. A sua aparência exterior é sempre atestado de sua falsa espiritualidade. Ele está sempre preocupado com as regras e os rituais em detrimento do relacionamento intimo com o Senhor.

Na maior parte das vezes ele tenta “dogmatizar” essas regras e rituais tirados de uma pseudo-experiência pessoal com Deus.  O reformador Martinho Lutero disse certa vez: “Fiz uma aliança com Deus: que ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Sagradas Escrituras, que me dão instrução abundante e tudo o que eu preciso conhecer tanto para esta vida quanto para a que há de vir”.   

Não devemos nos impressionar com o que dizem os falsos profetas, sobre isto Jesus é muito enfático ele diz: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus”:
A profecia bíblica tem características inconfundíveis. Ela exorta, consola e edifica, trazendo paz ao coração de quem a ouve. Cuidado com expressões como “aguarde surpresa”, “prepare o lenço”, “tem alguém com inveja de você” e outras semelhantes. Isso é “ranço de catimbozeiro” e por trás desses vaticínios existe a ação de uma carnalidade presunçosa ou de um espírito maligno provocando aquela situação previamente dita. Ele provoca e vem anunciar para ganhar credibilidade. Por isso, ainda que aparentemente se cumpram, não procedem de Deus. Assim como as línguas estranhas estão sujeitas à interpretação, a profecia está sujeita a julgamento por parte da igreja.

Os falsos profetas se arvoram em conhecer a Deus ter grandes experiências com ele e fazem propaganda dessas experiências para angariar admiradores e seguidores. No entanto, negam essa firmação com as suas obras más. É preciso haver compatibilidade entre discurso e prática.  Muitos maridos e esposas ainda não se converteram por causa da falsa espiritualidade do cônjuge que se diz crente.

Também não podemos nos deixar impressionar com aquilo que eles fazem, a esse respeito Jesus diz: Muitos naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade”. Aprendemos aqui que nem todo sobrenatural procede de Deus, por isso cautela! Aquele que pratica o dom precisa se apartar da iniqüidade, para não ser rejeitado por Jesus. Não podemos esquecer que o adversário é um imitador barato das coisas de Deus.

Qualquer dom exercido na obra de Deus deve ser com temor e tremor. Tudo que é praticado às ocultas será “proclamado no alto dos eirados”. Por isso vemos tantos escândalos no meio do povo de Deus. Porque muitos se arvoram em instrumentos de Deus, mas continuam com suas práticas malignas e libertinas. O próprio satanás os envergonhará.
Atentemos para o critério de Jesus para reconhecer o caráter daquele que é espiritual, ele diz:Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis”. Quais os frutos que devem ser encontrados por Cristo em nós? Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Os frutos são visíveis.

João Batista afirma em Mateus 3 versículo 10 em seu estilo contundente: Já está posto o machado à  raiz das árvores; toda árvore pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo”. Muitos serão cortados da terra prematuramente por brincarem com as coisas santas de Deus.  O falso profeta esconde muita sujeira por trás da falsa aparência de piedade, além de ter sempre intenções escusas. Ele é crítico e julgador da espiritualidade dos outros. Usa sempre o ataque como defesa.

O desejo de Jesus é que sejamos simples como as pombas e prudentes como as serpentes, para não nos deixarmos enganar como meninos espirituais pela grande “alcatéia de lobos roubadores” à nossa volta. Que Deus tenha misericórdia de nós!
Aleluia, Amém!

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