CLAMEMOS PELA PRESENÇA DO SENHOR!
“Mas eles insistiram muito com ele: "Fique conosco, pois a noite já vem; o dia já está quase findando". Então, ele entrou para ficar com eles”. Lucas 24.29.
Este é sem dúvida, pelo
menos para mim, um dos textos mais tocantes da palavra de Deus! A dor daqueles
discípulos à caminho da aldeia de Emaús após a morte de Jesus é semelhante a
dor de cada um de nós ao nos sentir sozinhos e desamparados tantas vezes. Não
falo da solidão de pessoas, mas da solidão existencial mesmo. Daquela solidão
que enche o nosso coração de um vazio insuportável. Como essa solidão é humana
e democrática, numa certa medida atinge a todos nós! Muitos julgam aqueles
discípulos demonstrando um jogo do contente em meio às dores e perdas da vida.
Jesus estava certo como sempre. Somos sim demorados para entender e crer tudo o
que Ele tem nos dito. São tantos os obstáculos que se levantam para embarreirar
a nossa fé e a emoção é o pior deles! “Crer é pensar” diz John Stott.
Como seria bom se
aprendêssemos a criticar nossos próprios pensamentos e emoções! Mas a boa
notícia é que Ele sempre vem ao nosso encontro e se coloca ao nosso lado
compreendendo o que sentimos na nossa fragilidade humana. Aqueles pobres
discípulos tristes e deprimidos naufragaram em sua dor, assim como cada um de
nós tantas vezes. Tudo parecia irremediavelmente perdido. O Mestre amado em
quem eles haviam depositado a sua confiança e esperança estava morto. Tudo
perdera o sentido, havia um crepúsculo no coração deles. Só restava desânimo,
dor e desesperança. A tristeza era tanta que não reconheceram o Cristo andando
com eles. Jesus se coloca no meio deles, pergunta de que eles estavam falando e
começa a discorrer acerca de tudo que as Escrituras falam sobre ele próprio. O
coração deles ardia o tempo todo, mas sem discernimento. Os olhos daqueles
discípulos estavam como que impedidos de o reconhecer. É, tristeza faz isso!
E se foi assim com aqueles
que tiveram o privilégio de ver o Senhor face a face nos dias de sua carne, o
que se dirá de nós? Continuamos seguindo vezes sem conta para o nosso Emaús de
cada dia! Emaús representa a rota das nossas fugas. É para lá que corremos
sempre cabisbaixos sempre que a jornada se torna insuportável. Tanto pode ser
um lugar exterior ou interior. É o refúgio das dores mais atrozes. Até já
falamos sobre isto outras vezes, mas sempre voltamos ao assunto, pois a
necessidade de fuga é sempre recorrente na vida do servo de Deus. E não é falta
de fé. É humanidade frágil! Sobretudo, quando as coisas dão errado do ponto de
vista humano. Embora o nosso coração arda ao ouvir a sua voz por meio da
palavra e das impressões do Espírito Santo em nossos corações, a dor que
dilacera o nosso coração nos faz perder a visão. E só quando Jesus faz menção
de seguir adiante é que paramos e apelamos: “Fica conosco, já é tarde e o dia já está quase findando”. Ele fica
e abre os nossos olhos! Louvado seja Deus!
Nadia Malta
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