COMPLETEMOS A TRAVESSIA SEM TEMER OS VENDAVAIS!
“Naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes Jesus: Passemos para a outra margem. E eles, despedindo a multidão, o levaram assim como estava, no barco; e outros barcos o seguiam. Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já estava a encher-se de água. E Jesus estava na popa, dormindo sobre o travesseiro; eles o despertaram e lhe disseram: Mestre, não te importa que pereçamos? E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou, e fez-se grande bonança. Então, lhes disse: Por que sois assim tímidos?! Como é que não tendes fé? E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos outros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”. Marcos 4. 35-41.
O Senhor
Jesus convoca seus discípulos para passarem para a outra margem do lago de
Quinerete ou Tiberíades, também chamado de Mar da Galileia. Aquele lago fica
200m abaixo do nível do Mar Mediterrâneo e é assolado por muitas tempestades de
vento que vem dos montes em seu redor, principalmente o Monte Hermom. Há uma
pedagogia divina nas tempestades que não pode ser desprezada! Aquela convocação
de Jesus mesmo tendo sido literal, trazia consigo um sentido parabólico para
aqueles discípulos. Este outro sentido só poderia ser compreendido pelos
ouvidos treinados de suas ovelhas. Jesus estava falando de uma travessia para
um nível de espiritualidade que requeria fé, graça, resistência e resiliência.
Se isso foi válido para os dias de Jesus andando com seus discípulos
visivelmente aqui na terra, o que dizer nos dias de hoje? Tenho a impressão de
ainda ouvir o Senhor Jesus fazendo a mesma convocação feita aos discípulos dos
dias de sua carne sobre a terra: “passemos para a outra margem” e dessa vez não
de forma parabólica, mas explicitamente convocando as suas ovelhas para
atravessarem o lago da superficialidade, da barganha, do sacrifício barato, do
voto de tolo, do mercadejamento da fé, do toma lá da cá espiritual que tem
marcado a religiosidade de nossos dias. O Senhor nos convoca a todos que nEle
cremos a passarmos para aquela margem cujo solo é a Rocha inabalável (Ele
próprio), capaz de suportar todo tipo de tempestade em um nível de espiritualidade
praticamente desconhecida por aqueles que lotam as igrejas-mercados de nossos
dias.
A convocação
de Jesus aos seus discípulos do passado é válida também para nós! Aquela era na
verdade uma convocação para que seus discípulos participassem de uma “parábola
viva”, onde eles próprios seriam os protagonistas. Eles viveriam naquele barco
(figura representativa da igreja) o que experimentariam em suas vidas. O Senhor
os convoca para um nível de espiritualidade que vai além da superficialidade e
requer além de fé, graça e resistência para enfrentar o que pode surgir em
nosso caminho. Estamos vivendo um tempo que é imperioso termos a compreensão
dessa santa convocação do Senhor que ecoa em nossos dias, do contrário
abandonaremos a fé que um dia abraçamos como muitos têm feito. Mesmo Jesus
estando conosco no barco, não estamos livres de passar por tempestades! Não
precisamos temer os vendavais! Como cristãos somos chamados a enxergar a vida
com os olhos de quem realmente foi transformado pelo poder de Deus. Isso nos
faz andar no Caminho, na Luz, na Verdade, livres de pesos e culpas ou máscaras,
mas não nos isenta de passar por tempestades. A proximidade e intimidade com o
Senhor não torna a nossa vida mais fácil do ponto de vista circunstancial. No
entanto, nos torna mais maduros, mais capazes de enfrentar a vida com lucidez e
equilíbrio. Ajuda-nos a escolher as coisas mais excelentes, não nos contentando
com superficialidades. O aparente sono
de Jesus no barco não significa inação, descaso ou apatia. Esse sono faz parte
de sua didática. O que ele deseja é que confiemos em sua suficiente graça, numa
atitude de fé e perseverança.
Tudo,
absolutamente tudo, está no controle soberano do Senhor não precisamos temer! Descobrimos
aqui que nada do que venha a nos acontecer está fora de sua área de controle e
cuidado amoroso. Ele não nos promete livrar de passar por vales sombrios, de
entrar em fornalhas ardentes, de atravessar desertos abrasadores, de enfrentar
gigantes, mas garante a sua presença em todo o tempo. Por isso aqueles
discípulos foram severamente repreendidos por ele por causa de sua falta de fé
e timidez diante da tempestade. Cada dia mais me convenço que Deus tem um
caminho na tormenta e o usará sempre que for necessário nos mostrar que ele tem
o controle soberano de todas as coisas. A mais importante lição das tormentas é
que não devo basear meu relacionamento com o Senhor naquilo que ele pode fazer
por mim nessas horas, mas no que posso fazer nessas horas, tendo ele comigo e
usando a autoridade que ele me concedeu. Isso faz toda a diferença. O Senhor
requereu ousadia e fé daqueles discípulos medrosos e “reclamões” e também requer de nós! Nadia Malta.
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